Friday, August 17, 2007

O Sistema de Produção e as Raizes do Brasil

Sobre o sistema de produção escravista no Brasil: "não há especialização do trabalho porque se procura economizar a mão-de-obra". Busca-se executar o trabalho em um máximo de tempo, não em um mínimo - como tão ferrenhamente idealizado pela burguesia européia.

(Baseado em texto do Manual do Candidato - História do Brasil - Flávio Campos & Mirian Dolhnikoff - ed. Funag - p. 37)

Foi sobre esse sistema escravocata (certamente cruel e desigual, que fique claro!) que nascia, com algumas poucas vantagens comparativas, a sociedade brasileira. Na falta de uma defesa realista de nossa cultura local, acabamos incorporando idéias estrangeiras sem o devido juízo de valor. Faz-se necessário, portanto, ressaltar nossas heranças positivas.

Apesar do ataque ideológico europeu, o escravismo sempre teve suas qualidades. Por exemplo, no lado social, não existe demissão de um escravo (abandonando-o à própria sorte e fome) e ele não é explorado exaustivamente (mesmo que para conservá-lo para futuros trabalhos) - realidades essas que massacravam o proletariado europeu. Mesmo sob a ótica do capital comercial (que, inclusive, iniciou a exploração escrava no Brasil), o escravismo era o sistema mais lucrativo para a atividade agrícola per se. (Poderia não o ser para a atividade comercial manufatureira imperialista.)

E qual a vantagem no prolongamento do tempo de trabalho? Certamente a disciplina no dia-a-dia do escravo. Ou seja, existia, já naquela época, uma preocupação no uso do tempo: evitando as tragédias da mente ociosa. A praga do desemprego mostra como, mesmo em nosso moderno século XXI, tal problema social encontra-se ainda vivo.

Essa mesma cultura do prolongamento de tempo de trabalho acabou enraizada em outra classe social brasileira: os trabalhadores livres. Nascia a morosidade funcional como forma de ocupação. E, como reflexo, estimulou-se a já atrativa cultura do favor: como o serviço é lento para todos, a concessão de favores pessoais na forma de um serviço ágil e eficiente está aberto somente para os amigos.

Assim, surgiu a sociedade brasileira. Estamentada em Senhores, Escravos e Livres. Entre senhor e escravo a relação é clara: exploração do trabalho em troca da preservação do capital humano. Entre senhores e livres, imperava a troca de favores: a eterna busca de vantagens pessoais entre os pouco-favorecidos e os todo-poderosos. Na ausência de (ou na própria falta de incentivo para) uma atividade eficiente, prevaleceu o trabalho expandido no tempo. É a morosidade que infesta nossa sociedade até o presente. Mas que tem seu grande ponto positivo: gera ocupação da mão-de-obra, disciplina, emprego e uma certa paz social. E, para alguns poucos: lucro.

Carpe Diem,

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